segunda-feira, 7 de setembro de 2009

ESPAÇO ABERTO: SUA OPINIÃO. Nº 1



A TV DO LUCRO

Como a tv pode ajudar a combater o preconceito contra o homossexual? No capítulo 5 podemos observar o quanto Eduardo se mostra incomodado com a forma esterótipada que o gay é mostrado na TV! Ainda mais com os comentários maldosos de seus tios. Será que a Tv influencia no modo como enxergamos os gays?
Esse ano, na faculdade, tive uma matéria ríquissima chamada Comunicação e Cultura, ministrada pelo professor Rogério Tineu. O tema era o "gay como notícia". Fiquei encarregado em pesquisar como o gay é mostrado na Tv brasileira. Fiquei chocado com o resultado. A maioria das pessoas só lembravam de personagens caricatos. Ainda há preconceito, só que máscarado!
Baseado na afirmativa do pesquisador Paulo Vasconcelos de que:"- As empresas de comunicação preocupam-se com o mercado. Se não dá lucro, não interessa", investiguei como a mídia age sobre o tema homossexualidade e como o gay é mostrado de forma geral na televisão. Sabemos que vivemos em uma sociedade guiada pelo consumo e que desde a revolução industrial quem dita as regras é o capitalismo. Mas como o capitalismo pode influenciar a sociedade de forma que a televisão seja uma das principais vilãs a favor do preconceito?
Quando digo a “favor” não me refiro a uma forma descarada, do tipo levantar bandeiras contra o homossexual. O “a favor” em questão trata da forma persuasiva e lucrativa que TV trata do tema homossexualidade, forma essa que apenas faz aumentar o preconceito nesse país machista e preconceituoso.
Por culpa de valores sociais em que desde os primórdios o homem foi feito para mulher e a mulher feita para o homem, com fins de procriar (com certa ajudinha da igreja) a homossexualidade se tornou um dos piores pecados que o ser humano pode cometer.
A imagem do errado persegue o homossexual há muito tempo e mesmo com a idéia de que o mundo esta mais tolerante ainda há um preconceito escondido em cada cidadão.
Mas o que a TV tem a ver com isso?
A resposta é simples: TUDO.

Segundo informações do site Terra o Brasil possui uma população de 183.987.291 habitantes, desse contingente Cerca de 10% dos brasileiros ainda são analfabetos. Outros 30% da população são considerados analfabetos funcionais - capazes de ler textos sem saber interpretá-los - e um terço dos jovens com idade entre 18 e 24 anos não freqüenta escolas de ensino médio.
Com tanta falta de informação e, principalmente, formação, o individuo brasileiro torna-se alvo fácil para os veículos midiáticos que sustentado pelo capitalismo transforma-se no principal meio de comunicação entre o individuo e o mundo!
Sem uma capacidade de argumentação, e, pouca instrução, o brasileiro vê na TV um importante instrumento de informação.
O problema surge a partir do momento em que a TV apresenta apenas aspectos estereotipados de determinados assuntos, principalmente a homossexualidade.

O indivíduo sem condições para comparação acaba conhecendo um só lado da moeda e constrói seus valores a partir do que a TV, a igreja (outro meio de comunicação presente em todos os cantos do Brasil) e a cultura local dizem (sim, porque nosso país não é feito apenas do eixo Rio – São Paulo, e a maioria dos estados brasileiros têm uma cultura muito particular e bem menos tolerante que Rio- São Paulo)
Mas não é apenas o individuo sem escolaridade que pratica o preconceito homofóbico. O fator cultural, mesmo para os que têm uma boa formação, também pesa na hora formatar seus valores sobre o assunto. E a TV com toda sua força também deveria trabalhar mais no tipo de abordagem que faz para esse público. Mas a tal da audiência somada ao lucro não permite que esse trabalho seja feito.

Segundo o site mix Brasil há cada vez mais homossexual em programas de TV, mas as emissoras ainda têm medo.
Como a homossexualidade pode ser interessante para o mercado? De um lado, porque há uma parcela do público gay com alto poder aquisitivo. “Quem dá as decisões é o público consumidor. É interesse do próprio canal, portanto, voltar-se para esse nicho”, explica o pesquisador Paulo Vasconcelos.
Por outro, o tema ainda cria polêmica. Os autores de novela defendem que o objetivo é fazer com que as pessoas reflitam sobre o que estão vendo.
Glória Perez (Rede Globo), por exemplo, diz ter incluído o personagem Junior na telenovela “América” para que a sociedade pudesse ver o momento de transição e descoberta da homossexualidade. “Há quem reclamasse do fato de Junior estar se envolvendo com mulheres na maior parte da história, mas a autora garantiu que ele iria permanecer gay até o fim”. No entanto, manter bons níveis de audiência é fundamental para que os personagens sejam mantidos.
Ao mesmo tempo em que os personagens gays ganham visibilidade, aumentam também as reclamações. A principal delas refere-se a cortes. Na América Latina, por exemplo, foi censurado o episódio de Os Simpsons (Fox), que mostrava o casamento de Pat, a cunhada de Homer, com outra mulher.
“Há uma maior aceitação, de um lado, mas ainda é um tema que as empresas temem investir e perder dinheiro. Mas, por outro lado, o público pede este tipo de tema”. A opção, segundo o pesquisador, é investir em canais segmentados na TV por assinatura.
Mas a TV por assinatura é muito restrita e não tem o poder de ajudar muitas pessoas, pois ela é limitada a certo tipo de publico com bom poder aquisitivo.

Baseado na analise da programação nacional podemos constatar que o gay realmente é estereotipado pela TV brasileira. É claro que existem boas intenções em alguns programas e matérias que são veiculados na TV brasileira, mas infelizmente o que predomina é uma abordagem mais superficial que visa satirizar ou criar polêmica com o tema da homossexualidade.
Infelizmente somos um país capitalista formado por uma cultura machista que impossibilita que as emissoras possam abordar qualquer tipo de assunto livremente. Não existe uma política de apoio a luta da igualdade para todos! Nossos políticos não estão nem aí para a programação que os jovens de hoje assistem. Eles não ligam e fingem não saber que a televisão tem sim grande impacto na cultura de um povo! Afinal, que pai ficaria feliz em ver um filho ridicularizado gritando “-olha a faca”. Ou vê-lo se transformar em um bicho que tem grandes unhas postiças, um cilho enorme e uma boca cheia de batom vermelho? Afinal, o cara da TV errou tanto na criação do filho que ele se transformou naquilo! “Onde foi que eu errei?”(Como mostra os personagens do programa Zorra Total)
O Didi da TV vive falando que o viado é um animal perigoso e é melhor espancá-lo até a morte. Ou então, como em um passe de mágica chama um anjinho para transformá-lo em homem!(Veja os videos abaixo e reflita)

Qual pai gostaria de ver o filho sendo espancado na rua por que ele gosta de homem?
Não digo que a TV deva banir os personagens caricatos da televisão. Afinal eles existem! O problema é quando ela resolve apenas satirizar sem se preocupar com o fato de que graças ao que o Sr Didi Mocé disse no seu programa infantil de domingo fará uma criança ser alvo de chacota na escola a semana inteira! Nos Estados Unidos, por exemplo, um menino de onze anos, aparentemente homossexual, se enforcou depois de agüentar anos de chacota por ser um pouquinho mais sensível que os demais colegas! Casos de bulling com crianças com tendência homossexual são muito comuns nas escolas dos Estados Unidos e do Brasil.
Entrevistei um homem, Alexandre (que não quis ser filmado nem fotografado) nordestino de 29 anos, casado com uma mulher há 6 anos, que afirmou ser homossexual e ter um caso com um homem há 2 anos! Ele esconde o adultério porque provém de uma família nordestina hiper conservadora que jamais aceitaria o fato de ter um homossexual na família. Alexandre disse que desde muito novo ouvia comentários maldosos todo vez que seus familiares se deparavam com os gays na televisão. Ele disse que sentia vergonha de poder ser associado a tudo que era ridicularizado na TV. Talvez se a TV não fosse tão submissa ao capitalismo Alexandre teria uma história diferente! Não podemos menosprezar o poder da televisão.
Recentemente fizemos outra pesquisa no qual perguntamos o que as pessoas achavam do beijo homossexual. Descobrimos que a maioria das pessoas tem um preconceito embutido. Elas aceitam amigos homossexuais, por que divertem, mas “Deus me livre de ter um filho, um irmão ou irmã desse jeito”.
A cantora Claudia Leite foi questionada pela Drag Queen Léo Áquila sobre a possibilidade de seu filho, ser homossexual. “Eu adoro os gays, mas prefiro que meu filho seja macho”, disse Claudia. Depois, o marido da cantora, Márcio Pedreira, ainda deu sua opinião. “Deus me livre (do filho ser gay). Ele será bem criado”. Ora, se esse é o tipo de mensagem que os artistas mais populares têm a nos oferecer imagine o risco que nós gays, que ajudamos a vender sua imagem, estamos correndo!

Ninguém escolhe ser gay!
Ninguém escolhe o mais difícil.
Por isso, respeite!

Pense, reflita e joga na roda!



Até quando o gay será visto dessa forma?



É só isso que a TV tem a oferecer?

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